Partida

Postado por William Borges , domingo, fevereiro 07, 2010 07:10

Na terceira cerveja já me olhava diferente, isso posso garantir. Tinha pouco medo, muita vontade e um tanto desconsiderável de insegurança, toda sua velha e pobre cobrança estava começando a se esfarelar em perguntas pouco profundas. "O que você espera?", arriscou, seguindo em um largo gole na quarta ou quinta garrafa da noite. Tirei um cigarro calmamente do bolso, pedi o isqueiro sem olhar em seus olhos e dei um longo trago como se fosse o último trago da minha vida. "Quero ir", respondi, olhando para os meus pés e tragando pausadamente todas as lágrimas do mundo. Eu quero ir para o mundo.

Acordar de sonhos intranquilos

Postado por William Borges 06:26

Ela disse que ficaria mais cinco minutos, nem um segundo a mais. Levantou da cama com calma, cobriu todo o corpo com uma camiseta velha que tinha achado no guarda-roupas, e acendeu um cigarro na janela aberta, olhando a cidade dormindo lá em baixo. Pensou no que tinha feito, no que estava fazendo, e no que faria mais tarde, trinta minutos mais tarde, quando o dia estaria amanhecendo. Pensou em nós dois, no que conversamos antes, nas promessas que fizemos para depois, e no agora - agora que tudo estava fazendo sentido. Então apagou no silêncio o cigarro, e deitou mais uma vez do meu lado. Sorrindo.